Causa e Efeito
Conviver com um(a) portador(a) de
Alzheimer é um exercício diário de paciência. Destruir a causa dessa demência é
a vontade de todo(a) cuidador(a). Ninguém quer que seu familiar morra por ter desenvolvido
a doença. Mesmo sabendo que não há cura, todos querem seus parentes vivos e sem
a presença do “alemão”. Para proporcionar uma melhor qualidade de vida ao
doente busca-se tratamento, remédios e tudo o que for possível, inclusive,
liminares junto ao Poder Judiciário através da Defensoria Pública.
Assim como os parentes de quem tem
uma enfermidade querem que ele(a) se livre dela, a sociedade quer se livrar da
violência e de suas causas. Numa democracia não é aceitável desejar a morte de alguém
violento, espera-se que essa pessoa seja punida e se recupere.
O uso abusivo de drogas tornou-se
um grande problema de saúde pública, entretanto, há muitos dependentes na
prisão porque vendiam drogas para sustentar o seu vício. Mantê-los atrás das
grades não interrompe o ciclo e ainda alimenta as organizações criminosas.
Carl Hart, neurocientista pesquisou
sobre os efeitos do crack no Hospital da Universidade Columbia, em Nova York e
concluiu que para as pessoas que estão na rua, sem perspectiva ou o que ele
chama de “reforço alternativo”, ficar sem crack, obriga-as a conviver de cara
limpa com a sujeira, a desesperança e a violência.
Por isso que, embora o crack seja
usado por gente de todas as classes e etnias, os brancos e os de classe média
geralmente não se viciam, porque têm algo a mais a esperar da vida. Quase
sempre quem se dá mal são os mais pobres, os que vêm de famílias
desestruturadas e os membros de minorias raciais. Segundo uma pesquisa da
Fiocruz, 80% da população das chamadas cracolândias tem pele escura.
Remediar virou rotina no Brasil. Construir
presídios, realizar mutirões para abrir novas vagas, criminalizar conflitos e
enrijecer a lei penal são iniciativas já aplicadas, ultrapassadas e que não trouxeram
resultados diferentes.
É importante observar a causa dos
problemas para se antecipar a eles. Nos Estados Unidos sete estados elevaram a
idade penal para 18 anos. Os defensores dessa medida legislativa esperam que
pelo menos cinco estados elevarão a idade penal para 18 anos em 2017 e outros
poderão elevá-la para 21 anos. Adotaram essa postura após anos de estudos.
Nenhuma nação desenvolvida conseguiu
diminuir a violência com aumento de estabelecimentos prisionais, ao contrário,
aquelas que conseguiram controlar seu crescimento investiram pesadamente em
educação.
Cingapura se tornou o primeiro
país do mundo a exigir que todos os seus alunos passem por um programa de ASE (Aprendizagem
Social e Emocional) o que resultará em aumento de renda de toda a nação, ganhos
extras à saúde e menores índices de criminalidade segundo economistas envolvidos
no estudo.
A Defensoria Pública do Estado de
Mato Grosso completa no próximo dia 24, dezoito de existência e por ser
considerada uma Instituição Nacional de Direitos Humanos, deve dar publicidade
a esses direitos e combater todas as formas de discriminação, principalmente
contra os pobres, aumentando a conscientização pública, especialmente através
da educação e de órgãos da imprensa.
Tânia Regina de Matos é Defensora
Pública em Várzea Grande, integrante do Conselho Municipal do Negro, é uma das
coordenadoras da Rede de Educação Integral do Município
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São Paulo, que fica a disposição caso necessite de alguma coisa aqui
nos Foros de Sampa- Capital...
e-mail : macieladvo@uol.com.br