Bookingcrossing Blogueiro
Normalmente nessa época do ano a minha amiga Luma promove esse evento, mas há sete meses ela está ausente da Blogosfera em razão de doença na família. Assim, resolvi postar algo sobre o assunto, mesmo não havendo notícia de blogagem coletiva com esse tema.
Biblioteca Livre
Uma geladeira colorida tem
chamado a atenção da população do bairro São Mateus, em Várzea Grande. Há cerca
de um mês e meio ela foi colocada em frente de uma das casas da Cohab Parque
Sabiá e está cheia de livros destinados principalmente às crianças e
adolescentes da comunidade, que podem emprestá-los e se divertir com suas
histórias.
A ideia é do casal Ana Flávia
Albuquerque Corrêa, 19, e Lázaro Thor Borger, 20, estudantes de Jornalismo na
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) que decidiram criar a Biblioteca
Livre para incentivar a leitura entre os moradores do bairro. “Tudo surgiu de
uma conversa entre nós e o meu pai, que mora naquela região. Nós começamos a
nos perguntar o que poderíamos fazer para levar um pouco de cultura para o
pessoal, porque ali é uma comunidade periférica com muitas crianças”, conta
Lázaro.
“Foi tudo meio no improviso. Nós
tínhamos poucos recursos, então pintamos uma geladeira velha e começamos a
pedir doações de livros”, Ana complementa. A “geladeira dos livros” tem
publicações para todos os gostos, desde clássicos da literatura brasileira até
biografias de lendas do rock, obras infantis e gibis, mas os organizadores
pedem principalmente doações de livros infanto-juvenis. “As crianças voltavam
da escola e ficavam brincando na rua e sempre existem riscos. A intenção é
mostrar que a leitura não é aquela coisa chata, maçante. Queremos que eles
vejam que ir lá e pegar um gibi ou livro emprestado é a mesma coisa que soltar
pipa ou jogar bola no asfalto. Leitura pode ser uma brincadeira tão divertida
quanto as outras”, Lázaro diz.
Os empréstimos funcionam de
maneira simples: quem quiser pegar um livro emprestado faz um cadastro para o
controle e escolhe o exemplar de preferência. A responsável pela supervisão da
biblioteca é a mãe de Lázaro, dona Dorcelina Gomes da Silva, que mora em frente
do local e fica o dia todo em casa. Enquanto ela está acordada, a geladeira
fica aberta. “Para mim é muito gratificante cuidar dos livros, é um prazer
enorme. Como eu estou parada em casa, me coloquei à disposição. E vem muita
criança, adolescente, até os pais escolhem alguns livros”, ela conta. Os
estudantes se dizem surpresos tanto com a quantidade de doações recebidas -
hoje possuem um acervo de cerca de 200 títulos - quanto com a procura dos
moradores, que adotaram a ideia de braços abertos. “A primeira impressão que a
gente teve foi que ninguém ia se importar com isso, mas a criançada vai lá todo
dia, tem uns meninos que estão sempre emprestando livros, então aquilo pode se
tornar um espaço de lazer e cultura”, Lázaro explica.
Samara Patrícia Soares da Silva,
11, é uma das leitoras mais assíduas da Biblioteca Livre. Ela diz que sempre
gostou de ler, mas que a iniciativa fez com que muitos colegas que antes não
tinham o hábito adquirissem o gosto pela leitura. “Antes as crianças aqui
ficavam só soltando pipa, jogando bolita, agora elas estão lendo mais. Isso é
muito bom porque quando as crianças começam a ler mais, elas aprendem mais
histórias e no futuro tem mais desenvolvimento”, ela sabiamente garante.
Outra pequena leitora que está
empolgada com a novidade é Isabelli Vitória Assunção. Com apenas seis anos, a
menina aparece todos os dias na porta de Dorcelina para ler gibis. “Eu gosto muito
de ler”, ela afirma, com o gibi do Chico Bento nas mãos. Para o futuro, os
futuros jornalistas já têm planos de expandir a biblioteca e criar um espaço
onde as crianças possam sentar para ler confortavelmente e até estudar. “Muitas
crianças falam que querem ir lá para ler, algumas pedem para a minha mãe
ensiná-las a ler. Elas querem sentar, ouvir histórias, então a gente pretende
fazer um cantinho ali mesmo para isso”, diz Lázaro. “Até porque graças a todas
as doações, nós nem temos mais espaço na geladeira para guardar todos os
livros”, Ana ressalta.
Motivados a espalhar a magia da
literatura para locais onde o acesso a livros pode ser mais restrito, os jovens
dão a dica de que não é difícil adotar uma iniciativa como a deles e que
qualquer um pode fazer o mesmo. “É só desenvolver um sistema de cadastro
simples, pegar alguns livros, começar a emprestá-los e divulgar a ideia. É
incrível como as pessoas adotam a ideia, a galera abraça a causa e ajuda, o que
é muito legal. Às vezes, para fazer uma boa ação só é preciso dar o primeiro
passo. É mais fácil do que as pessoas imaginam”, Lázaro finaliza. Para doar
livros e conhecer mais sobre a Biblioteca Livre, basta enviar um e-mail para
lazothor@ gmail.com
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