VOCÊ SABE O QUE É PARTOGRAMA?
Minha colega Rosana Leite, Defensora Pública, escreveu o artigo abaixo, o qual recomendo a leitura por ser bastante esclarecedor:
Após muita discussão sobre a banalização do parto cesariana, e para
diagnosticar sobre os riscos na escolha de partos agendados, a ANS
anunciou no dia 06 de janeiro do corrente ano, a obrigatoriedade do
preenchimento do partograma em redes privadas, o que já era obrigatório
na rede pública. Entrará em vigor 180 dias após a respectiva notícia, e a
gestante passa a ter direito, também, de ser informada pelo menos
quinze dias antes do provável parto, sobre os índices de partos normais e
cesáreas no serviço hospitalar que ela pretende utilizar, bem como, os
riscos de cada qual.
Idealizado pela OMS em 1992, tornou-se
obrigatório nas maternidades da rede pública a partir de 1994.
Entretanto, apesar da obrigatoriedade, muitos hospitais deixam de
preencher se desculpando na urgência de procedimentos médicos. A adoção
do partograma pelo Ministério da Saúde tem a principal finalidade de
forçar os médicos e médicas a esperarem o início do parto. Inclusive, as
operadoras só poderão efetuar o pagamento dos procedimentos realizados
com a apresentação do documento. Além, é óbvio, de garantir que os bebês
não nasçam prematuros.
Sabemos que apenas a conscientização não
está surtindo o efeito desejado para que as mulheres e/ou casais optem
pela realização do parto normal, ou, ainda, esperem pelo sinal da
criança de quando deseja "vir ao mundo". Há, na verdade, uma facilidade
para os profissionais em agendamento dos partos, que trabalham com
sobrecarga de horas, ficando mais tranquilo marcar, mais ou menos, qual
seria a data que o feto estaria "maduro". É o homem querendo se sobrepor
aos desígnios divinos e da natureza!
O partograma é a
representação em gráficos dos valores e eventos relacionados ao trabalho
de parto. Os médicos devem incluir estatísticas como a dilatação
cervical, frequência cardíaca, duração do parto e sinais vitais. Ele
detecta com facilidade os possíveis desvios da normalidade, podendo
corrigi-los a tempo.
Pensando na prática, para a mulher que optou
pelo parto normal, por exemplo, nunca se sabe o horário do nascimento.
Porém, desde os primeiros sintomas de contrações, à evolução de minuto a
minuto, é possível vislumbrar como será a realização do parto normal,
se não está havendo sofrimento fetal etc. Ainda, sabendo que esse
momento é de absoluta ansiedade, em sendo acompanhada a evolução, na
troca de plantão dos profissionais, bastará olhar o gráfico para saber a
situação da parturiente.
Ademais, a mulher que se encontra em
trabalho de parto ficará mais segura para a realização do parto normal,
em sabendo que está sendo monitorada, ficando claro que qualquer
anormalidade será diagnosticada em tempo oportuno. Os países que
adotaram como regra a confecção do partograma, reduziram de forma
significativa trabalhos de parto com duração superior a 18 horas, e o
índice de cesarianas em mulheres sem aparentes complicações foram
reduzidas de 5.2 para 3.7 por cento, mostrando evolução nessa escolha.
A
medida faz parte de um pacote para estimular o parir normal, reduzindo
as cesarianas desnecessárias, fruto de consumo no país. É uma tentativa
de se combater a epidemia de cesárias no Brasil. As mulheres que possuem
planos de saúde optam pela cesárea em 80% dos nascimentos. Já na rede
pública, esse percentual é de 40%, ficando no total com 55,6% de partos
cesáreas. O procedimento cirúrgico sem a indicação médica aumenta em 120
vezes os riscos de problemas respiratórios para o recém-nascido,
triplicando o risco de morte da mãe.
É do ser humano a cultura de
não querer sentir dor. Porém, a dor de parir é necessária, pois, com
ela vem a dilatação para que a criança seja expelida com naturalidade,
deixando evidente o amadurecimento fetal. O ministro da Saúde foi
enfático: "Parto não é evento que se marque. Normal é o parto normal."
Rosana
Leite Antunes de Barros é Defensora Pública Estadual, Presidente do
Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso, e escreve às
segundas para o Jornal A Gazeta.
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Comentários
Eu optei pelo parto normal e somente seria de outra forma se não tivesse jeito, mas me preparei com exercícios e encontros com outras mães.
No carnaval encontrei com duas futuras mamães e ambas disseram categoricamente que farão cesariana e que acham loucura parto normal. Acho que falta muito esclarecimento que envolve as mães dessas futuras mães, que deveriam acompanhá-las no pré-natal. Somente assim para que possam corrigir informações erradas.
Beijus,